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Contos Pequeninos de Meninas & Meninos

Somos um grupo de inventores de contos que incluem crianças, adolescentes e adultos no prazer de inventar, escrever e ilustrar os contos que nascem quando estamos juntos.

Contos Pequeninos de Meninas & Meninos

Somos um grupo de inventores de contos que incluem crianças, adolescentes e adultos no prazer de inventar, escrever e ilustrar os contos que nascem quando estamos juntos.

27.06.23

À procura da sua Princesa


Inventores de contos

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          Era uma vez um príncipe chamado Leonardo, que vivia num reino sem nome e muito distante. Ele passava os dias na varanda do seu palácio a olhar para o longe e a imaginar como seria a sua futura princesa.

          Olhava para as nuvens e via muitos rostos, uns redondos e gordinhos, outros mais compridos e magrinhos, uns sorridentes e simpáticos, outros mais sérios, todos diferentes, mas todos com a sua beleza.

          - Ah! Como gostaria de conhecer a minha amada! - suspirava o nosso príncipe.

          A sua mãe, a rainha Mafalda de Albuquerque, quando via o filho a suspirar, dizia-lhe:

          - Leonardo, de que te servirá tanto suspiro?... Vai pelo mundo! Conhece pessoas, lindas donzelas! Vai visitar os nossos parentes mais distantes! Descobre e conhece outros reinos, outros palácios! Põe-te a caminho, que já se faz tarde!...

          Leonardo ia ouvindo sua mãe e, certo dia, decidiu fazer uma viagem sem destino à procura do seu amor. Pegou no cavalo Rodolfo, que era forte e robusto, mandou dois criados prepararem a bagagem e lá partiu com eles para não sei onde.

          Os dias iam passando, entrou numa cidade e noutra, num palácio e noutro, mas nada de princesas ou donzelas que recebessem o seu coração.

          Num dia, ao anoitecer, chovia muito e o vento estava zangado e rabugento pois bufava com toda a gente. E as árvores? Oh, essas balançavam para todos os lados, sacudiam as gotas da chuva, e nem conseguiam fazer uma soneca das árvores, que como sabem, dormem em pé. Coitadas! Se calhar é por isso que ficam tortas e os ramos vergados pois nunca se deitam direitas…

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          Continuando…. Ia o príncipe Leonardo nesta grande dificuldade, quando o seu cavalo meteu uma pata numa poça marota e tombou, escorregou, tropeçou quase fez a espargata e não se aguentou de pé. Caiu caidinho no chão duro e lamacento.

           Mas, o pior está por contar. O cavalo ficou só um pouquinho dorido, mas o seu dono... Esse caiu junto com o cavalo, bateu com a cabeça numa pedra, teimosa em se manter naquele sítio. Mas, porque é que aquela senhora Pedra não se moveu, ao ver tal belo príncipe a cair? Bem, eu não percebo nada de pedras teimosas nem de pedras sem maneiras reais…

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          Os criados do príncipe logo desceram das suas montadas para socorrer a Sua Alteza Real, mas o príncipe olhava para eles com aquele olhar estranho.

          -Quem sois vós? O que me fazeis? - perguntou o príncipe espantado.

          - Calma, Sua Alteza, só o queremos ajudar a levantar pois caiu do seu cavalo Rodolfo.

          O príncipe acalmou, mas não a chuva e o vento. Foi quando um dos criados disse:

          - Temos de nos abrigar! Vamos até aquela cidade que se avista além! Já falta pouco!

          Então, montaram novamente o príncipe no Rodolfo no seu cavalo, conduziram os seus cavalos e lá foram devagarinho para a cidade.

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          Procuraram uma estalagem que os acolhesse, mas estava tudo ocupado com outros viajantes que também fugiram da tempestade.

          Até que, apareceu uma jovem toda encharcada, andava à procura do seu Tareco, que tinha uma pata partida, tinha fugido assustado com o barulho do vento.

          Ao ver a aflição dos criados, logo quis ajudar o jovem do cavalo, que não sabia que era príncipe. A jovem disse que se podiam abrigar na adega da casa da sua avó, mesmo no fundo da rua.

          Nem pensaram duas vezes. Saíram logo atrás da jovem e, ao chegar, o príncipe agradeceu a caridade e gentileza da jovem.

          - Obrigada, boa donzela por nos receber na sua casa.

          - Podem ficar aqui em baixo na adega, vou buscar dois cobertores e amanhã já poderão partir- disse a jovem gentilmente.

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          No outro dia de manhã, o sol brilhava e todos acordaram bem-dispostos e famintos. Só o príncipe estava muito calado e gemia um pouco.

          A avó e a neta desceram as escadas para verem os seus hóspedes.

          - Caros senhores, quem sois e para onde vão? -perguntou a avó.

          - Somos viajantes e andamos a conhecer o mundo, - disse um dos criados.

          - E aquele além? Quem é? - continuou a senhora.

          - É Sua Alteza Real, o príncipe Leonardo.

          - Oh! Um príncipe? E ele está bem?

          - Creio que não, senhora, pois caiu do cavalo ontem à noite e bateu com a cabeça.

          - Bem, trazei-o para cima, deitem-no no meu quarto e cuidaremos dele.

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          Passaram-se alguns dias, o príncipe não sabia bem onde estava, tinha muita febre e delirava. A jovem tratava dele, limpava-lhe o suor da testa, dava-lhe chá, que a avó tão bem preparava, e dava-lhe colheres de caldo de galinha. Enfim, todos esperavam que o príncipe melhorasse pois, naquela cidade, não havia médico. O último tinha morrido de velhice há já algum tempo.

          Com tudo isto já tinha passado uma semana e o príncipe começou a melhorar, comia melhor e já não tinha febre. Só restavam algumas dores de cabeça. Pois não! Aquela turra na pedra teimosa deixou galo, ou galinha! Tanto faz!

          Agora, o melhor da história! O príncipe e a jovem foram convivendo melhor, conhecendo-se melhor, falando melhor, sorrindo melhor e o amor começou a andar no ar!

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          O amor esvoaçava pela casa no bom dia da manhã, no obrigado pela sopa, no por favor pode ajeitar a minha almofada, no brilho de um olhar, na ternura com que conversavam, etc., etc., etc.

          Até que, chegou o dia da partida do príncipe. Já estava bom para outra, como se costuma dizer. Ele acordou cedo e sentia-se feliz e triste. Feliz por se sentir bem e triste por ter de dizer adeus à avó e à bela jovem que o ajudaram. Bem, sentia mais tristeza pela jovem! Percebem? …

          Naquela última noite tinha dormido pouco, pensou na vida e no que iria fazer a seguir a esta aventura de príncipe viajante e doente. Pensou, pensou e tomou uma decisão. Foi falar com a jovem que já tinha nome: chamava-se Florbela, mas o príncipe Leonardo tratava-a por Bela Flor.

          - Bela, gostaria de te fazer uma proposta muito importante. - disse o príncipe.

        - Eu saí do meu palácio para procurar um amor no meio da realeza cheio de beleza e fantasia dos meus sonhos. Porém, foi nesta humilde casa que encontrei um amor generoso, gentil, carinhoso, paciente e sem nada esperar. Encontrei o mais belo amor que vem do coração e que torna ainda mais belo quem o sente- disse o príncipe emocionado.

          - Sua Alteza, eu sou pobre, não tenho pais, só tenho a minha avó e esta casa - acrescentou a Florbela.

          - Isso já nada importa, eu tenho o que basta. Bela, aceitas ser minha noiva e viver no meu reino? - perguntou o príncipe numa voz suave.

          - Se me aceitares assim, como sou: pobre por fora, mas com um coração cheio de amor, eu aceito ser tua futura esposa e terei todo o gosto em viver no teu reino, juntamente com a minha querida avó.

          E foi assim que o príncipe Leonardo encontrou o seu amor: simples, sem os interesses e vaidades da realeza, mas grande em verdade, ternura e cuidado. Quem ama cuida e quem cuida ama!

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Este conto foi inventado por Maria Ferreira Rodrigues, posto em palavras e no formato de livro por Celina Santiago.