Romance na Praia
Numa praia de ondas gigantes e areia dourada e macia, estava uma folha de papel a apanhar sol e a contemplar a beleza, a calma e a vida ondulante que salta do mar azul.
Aproximou -se um lápis esbelto, alto, elegante, de azul ciano e brilhante que encantou os olhos da menina folha de papel, chamada Clementina.
Fez-se silêncio. Só se sentiam os olhares entre eles. Todo este cenário marítimo e relaxante deixou de existir. Agora ouviam-se corações a bater mais fortes, uma agitação inquieta pairava no ar!


A menina folha corou um pouco, levantou-se da areia e disse:
-Olá! Como te chamas?
-Eu sou o Ambrósio. E a menina? - perguntou o lápis.
-Eu sou a Clementina. O que faz por aqui?
-Ando no meu passeio diário, procuro inspiração para os meus escritos - respondeu Ambrósio.
-Ai sim! E que escritos são esses? - perguntou Clementina.
-Escrevo todo o tipo de histórias: de amor, de amizade, de carinho, de comédia, …
-Então gostarias de escrever algo no meu vestido?
-Pois sim, menina.


Ambrósio inclinou-se um pouco e, delicadamente, deslizou pela menina folha, deixando a seguinte frase: “Uma flor desenhada é uma flor amada!”
Quando Clementina leu a mensagem ficou encantada, pois o lápis também era poeta. Haverá algo mais belo que uma flor? Símbolo de juventude, de vida, de berço de sementes e frutos que encantarão muitos seres. E o lápis continuou, desenhou, rabiscou, pintou até chegar a uma bela flor. E a obra nasceu!
A menina folha de papel deixou de ser uma simples folha branca e passou a ser uma folha colorida, cheia de cores, traços e letras desenhadas, ficou um vestido de princesa, feito com carinho e delicadeza. A sua felicidade era tal que começou a cantar e dançar, rodopiava e bailava ao sabor do vento… Como uma simples frase ou desenho trouxe alegria e boa disposição a uma folha solitária na areia daquela praia…
O canto de Clementina encantou o lápis e a brisa de amor soprou sobre eles… Deram as mãos e dançaram, dançaram ao sabor do vento e do momento.
Por vezes, o amor nasce assim: num olhar, numa palavra, num gesto, numa mensagem, num desenho, numa dança, numa canção. Às vezes é delicado, meigo e sorrateiro… Outras vezes é mais barulhento e desajeitado. Mas o amor é assim!...
Conto inventado e ilustrado por Leonor Mendes, Rita Pereira e Lara Rodrigues (11 anos).